2 de maio de 2012

 MINHA NOSSA VELHA ÁRVORE

Era o ano de mil novecentos e setenta e muitas coisas aconteciam no mundo que eu nem me importava, afinal, um menino de dez anos naquela época só queria jogar bola, quilica, soltar pandorga, brincar de mocinho e bandido e outras brincadeiras inventadas pelos meninos pobres como eu. Estudar sim, não porque eu queria, mas porque o pai obrigava (ainda bem).
Da antiga Comasa (hoje Costa Cavalcanti) onde eu morava até a Escola Básica Antônio Ramos “era um pulinho”... não tinha motivos pra não ir.
Detestava as aulas de matemática e religião, mas adorava as de língua portuguesa, educação moral e cívica, geografia, ciências e outras.
Dia vinte e um de setembro daquele ano, a aula de educação moral e cívica não poderia ser outra senão, irmos pras ruas do bairro plantar árvores.
Sair pra plantar árvores?
Que legal! Sair da escola por umas horas!...
Cada aluno da temida Dona Clarinda deveria plantar uma árvore mais próxima possível de sua própria casa, e lá fui eu, sem entender o porquê, mas com uma muda de plantinha na mão.
Meu lugar era ali, do lado direito da Avenida Guanabara entre a minha Rua Alagoas com a Pernambuco.
Todos os alunos da minha classe, cada qual em seu lugar, plantava naquele dia, uma árvore.
Dever cumprido, mas a consciência nem tanto, pois o divertido era ter saído da sala de aula, coisa rara naqueles tempos.
Quase quarenta e dois anos depois, eu passo por lá e ela resistindo ao tempo, aos vândalos e ao progresso, se mostra crescida e imponente.
A minha nossa árvore hoje é importante pra mim, pra nós.
Sua beleza altaneira e sua sombra melancólica dão um ar bucólico ao meu bairro.
Hoje, entendendo o porquê daquele plantio e me pego a pensar e até com um tom de condenação:
Menino...deverias ter plantado muitas outras árvores.

18 de novembro de 2011

ELA CHOROU E EU ACREDITEI!

Pasmem!...Eu ví a presidenta Dilma chorando!
Pasmem mais ainda!...E eu acreditei!
Sou apolítico. Não pela política em si, mas pelos políticos (pelo menos os nossos).
Nunca acreditei nessa "gente", ou melhor: Nunca deram-me motivos pra isso.
É decepção em cima de decepção. Não falo dos políticos dos palanques (esses são bons), e sim dos políticos de gabinetes.
Políticos são exterminadores de esperanças, arrogantes, hipócritas!
Eles massacram, humilham e aleijam povos e nações (independente de sigla partidária, se é de direita ou esquerda, se é situação ou oposição).
Hoje, algo estranho aconteceu comigo.
Num noticiário de TV enquanto eu passava o primeiro café da manhã, Dilma apareceu chorando. Ela participava de um evento que eu nem sei de que se tratava, e estavam lá duas lindas crianças que só agora resolvemos chamá-las de especiais, pois são portadoras de síndrome de down. A presidenta durante seu discurso não aguentou e chorou.
Aquela cena balançou meu coração e tive que, pela primeira vêz na minha vida, acreditar que aquele choro de político era de verdade.
Aí eu pensei: Caraca!!!!! Existe um político que chora de verdade! Ela tem coração!
Pra mim, aquela mulher naquele momento transmitiu verdade e sentimento.
Claro que também pensei por uns instantes: Ela tá chorando por que as crianças são filhas dos políticos Romário e Lindbergh Farias e se fossem do Zé da Esquina ela nem se importaria.
Mas, meu coração ignorou isso e se manteve irredutível em acreditar que o choro era de verdade, independente de quem fosse os pais das crianças especiais.
Ela chorou e eu acreditei! Será que estou vendo coisas?.
Será que posso começar a ter um fiozinho de esperança?
Quem chora é porque tem sentimento.
Quem tem sentimento é gente. E gente ama, respeita e doa-se.
As crianças especiais e o Brasil precisam de gente que chora e doa-se, assim como precisam de gente que acredita em políticos.
Eu vou fazer o possível para ver mais políticos chorando.
Chora mais, presidenta!

15 de novembro de 2011

O BABACA (e cara-de-pau) VESTIU VERDE!

Um vereador babaca de Itajaí que nunca havia aparecido no Rio do Ouro (nem pra assistir um jogo nem pra perguntar se o Juca tava precisando de alguma coisa para melhorar o único campo de futebol do nosso bairro), domingo na hora da premiação dos vencedores do campeonato amador de futebol  2011organizado pela LID (Liga Itajaiense de Desportos) onde a imprensa tava toda lá, eis que ele surge dentro do gramado junto com as demais autoridades esportivas.
O babaca vestiu um agasalho verde...e saiu na foto.
O Juca tava com razão em ficar irritado.
O Juca (dono do Rio do Ouro) foi extremamente elegante, pois pediu para ele retirar-se do gramado deixando apenas as autoridades esportivas, atletas, dirigentes e imprensa, mas o edil negou-se a sair, como se ele fosse o dono.
O Juca bem que poderia chamar a PM para retirá-lo de lá, mas para evitar vexame,assim deixou.
Aproveitador!
Xô, raça ruim!

17 de setembro de 2011

A Ceia

Por volta de mil oitocentos e noventa, Itajaí engatinhava e os recursos, obviamente, eram escassos.
Fósforo era um.
Contava meu saudoso pai que seus avós moravam nas terras onde hoje localiza-se a igreja do Santíssimo Sacramento e labutavam na lavoura como meeiros, distante oito quilômetros dali.
Sua avó se encarregava dos afazeres domésticos, inclusive de manter acesa a chama do fogo do fogão a lenha enquanto seu avô e filhos maiores estavam na roça, caso contrário era muito difícil principiar novamente o fogo, tendo em vista a escassez do fósforo, considerado uma especiaria de luxo para eles.
Numa tarde, por descuido o fogo apagou-se.
Apavorada, pois precisava do fogo para o preparo da ceia, não teve dúvida, colheu um chumaço grande de algodão da própria horta no quintal da choupana, fisgou-o na ponta de uma estaqueta e com uma espingarda, disparou contra o alvo de algodão, obtendo de volta o fogo e assim, reacendendo o fogão.
A ceia daquela noite estava garantida.

16 de setembro de 2011

A bonequinha da janela

Desde muito tempo ando “cismado” com uma cena que vejo todos os dias quando acordo.
Numa velha e estranha casa vizinha a minha, onde raramente se vê o único senhor que nela mora, numa das janelas da frente, há sempre uma bonequinha pelo lado de dentro a espreitar a rua.
Naquela casa não há mais ninguém além daquele senhor que pouco se vê, muito menos uma menina, que justificaria aquela boneca ali.
Já cheguei a me aproximar ao máximo da janela para tentar entender e decifrar aquele enigma. Onde talvez o enigma esteja apenas em minha cabeça, sei lá.
Ela sempre está ali, fria, imóvel... e a meu ver, sem razão de ali estar.
Quando passo, olho pra boneca na esperança de buscar um significado.
Muitas coisas já se passaram na minha cabeça...
...coisas do tipo: Aquele senhor sozinho devia ter uma filhinha em algum lugar do passado, e deste passado só lhe restou a boneca, ou, aquilo representa a filha que ele não teve e queria ter tido....
Não tenho assim tanta intimidade com aquele senhor para lhe perguntar a razão e assim a dúvida e a curiosidade continuam.
A casa é velha, acabada, sem gente, sem vida...
Talvez a bonequinha na janela esteja ali pra amenizar a tristeza que emana daquele lar.
E não há coisa pior de que um lar triste, sem vida, sem crianças.
Quando tirarem dali a bonequinha, por certo a casa cairá.

15 de setembro de 2011

De mala e cuia



A imagem aí ao lado não saiu como eu queria, mas a mensagem eu posso explicar: Tratava-se de uma família que estava "fugindo" da enchente que assolou Itajaí agora em setembro/2011. O esposo já estava quase atravessando a avenida de moto carregando trouxas de roupas, filho, bolsas, panelas etc..., enquanto a esposa com os outros dois meninos e o cachorrinho aguardava para atravessar e procurar refúgio na parte mais alta do bairro.
Fiquei pensando: ...com certeza só tiraram o que de mais essencial tinham e o que puderam... e agora devem estar indo para um abrigo da defesa civil, casa de amigos ou parentes...e quando as águas baixarem, eles voltarão pra ver se a casinha ainda estará por lá...
Agora, quatro dias após o término da enchente voltei a pensar neles... “Será que retornaram? A casinha ainda estava lá, Quem era aquela gente?... Será que perderam muita coisa"?

Me conformei quando conduzi meu pensamento para esta constatação: “Se perderam, logo recuperarão, as coisas por aqui sempre se recuperam, e logo terão tudo novinho de novo..." que bom!.

Para esquecer isso, ligo a TV ... e a defesa civil está avisando: É possível que em outubro ou novembro tenhamos outra enchente...