17 de setembro de 2011

A Ceia

Por volta de mil oitocentos e noventa, Itajaí engatinhava e os recursos, obviamente, eram escassos.
Fósforo era um.
Contava meu saudoso pai que seus avós moravam nas terras onde hoje localiza-se a igreja do Santíssimo Sacramento e labutavam na lavoura como meeiros, distante oito quilômetros dali.
Sua avó se encarregava dos afazeres domésticos, inclusive de manter acesa a chama do fogo do fogão a lenha enquanto seu avô e filhos maiores estavam na roça, caso contrário era muito difícil principiar novamente o fogo, tendo em vista a escassez do fósforo, considerado uma especiaria de luxo para eles.
Numa tarde, por descuido o fogo apagou-se.
Apavorada, pois precisava do fogo para o preparo da ceia, não teve dúvida, colheu um chumaço grande de algodão da própria horta no quintal da choupana, fisgou-o na ponta de uma estaqueta e com uma espingarda, disparou contra o alvo de algodão, obtendo de volta o fogo e assim, reacendendo o fogão.
A ceia daquela noite estava garantida.

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